sábado, 26 de setembro de 2009

Citânia de Briteiros

A Citânia de Briteiros é uma das estações arqueológicas que adquiriu popularidade na Arqueologia devido a um conjunto de factores extraordinários, no contexto português. Foi descoberto no século XIX por Francisco Martins Sarmento e já desde este período até à actualidade, tem sido alvo de grande procura e de investigação.

Este sítio arqueológico conserva diferentes períodos de estudo, desde o Neolítico Final até a Idade Média. Este último período referido, existe apenas vestígios de uma ermida medieval e uma necrópole de inumação localizada na acrópole, porém não existe vestígios de habitação da citânia neste período. Mas, a ocupação proto-histórica na II Idade do Ferro reveste maior monumentalidade do local.

O urbanismo proto-histórico, o contexto ambiental, a interpretação da arte rupestre, as tecnologias e recursos económicos do povoado, a romanização e o abandono da Citânia, o estudo dos balneários públicos e os espaços privados são características representativas deste povoado, que vários investigadores tentam interpretar por vezes de formas diferentes, a reconstituição de um dos maiores povoados do Noroeste Peninsular.

Situa-se na freguesia de S. Salvador de Briteiros, concelho de Guimarães, localizando no cume do Monte de S. Romão, tendo uma altitude máxima de 336m. A Citânia ergue-se num relevo em esporão, na qual possui um amplo domínio visual sobre o curso de médio do rio e as serras de Cabreira e do Gerês. A Nordeste e Sudoeste, avistam-se os castros de Santa Iria e de Sabroso; a poente a serra do Sameiro e o Monte de Santa Marta das Cortiças; e a nascente defronta povoados proto-históricos de pequena dimensão: Santa Maria do Souto, Gonça, São Salvador do Souto, Pranzis e Penselo.

Contêm uma extensão máxima de 24 hectares, conservando um sistema defensivo de três ordens de muralha, complementando com uma quarta linha a Nordeste. As muralhas são poligonais e irregulares.

Às estruturas habitacionais, pode-se verificar de forma generalizada, casas de forma circular sendo característica de arquitectura proto-histórica do noroeste peninsular, no entanto verifica-se em algumas unidades habitacionais casas rectangulares assemelhando-se a uma Domus Romana. Na actualidade, sabe-se que as unidades habitacionais correspondiam a famílias extensas, e provavelmente as unidades situadas na plataforma superior eram ocupadas pelas famílias mais eminentes. No ponto mais simbólico da Citânia, sabemos que essa unidade era a Casa de Coronero, filho de Câmalo, na qual durante as escavações de Sarmento recolheu-se bastantes elementos arquitectónicos decorados.

Após visitar a Citânia, aconselho ainda a visitar o Museu da Cultura Castreja, onde acolhe todo material resultante das intervenções arqueológicas da mesma e de outros castros.

Aconselho a todos a viajar o passado proto-histórico deste local! Não iram arrepender!

LEMOS, Francisco; CRUZ, Gonçalo (2006). Citânia de Briteiros: programa de investigação e valorização do monumento. FORUM nº 39. Braga: Conselho Cultural da Universidade do Minho
LEMOS, Francisco; CRUZ, Gonçalo (2007). Citânia de Briteiros – Povoado proto-histórico. Guimarães: Sociedade Martins Sarmento

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças - Braga


«A Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM) e a paróquia de Esporões querem que o Estado se envolva no projecto de recuperação da Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças, em Braga. A ideia é reabilitar uma extensa área classificada desde os anos 50 onde existem vestígios que remontam à Idade do Bronze. Os arqueólogos da UM desenvolveram, ao longo do último ano, um plano de recuperação do sítio arqueológico que pretende tornar o local visitável.

"O objectivo é valorizar a importância histórica e cultural do sítio", explica Luís Fontes, coordenador do estudo. O responsável antecipa, no entanto, um longo caminho até à concretização do projecto. "É necessário um esforço de mobilização de diversas entidades, a começar pelo Estado", alerta.

"Sem esse apoio, torna-se impossível concretizar um projecto que não é apenas interessante para a paróquia, mas para a cidade e o país", acrescenta o pároco de Esporões, João Torres.

O estudo já foi apresentado ao Ministério da Cultura, através da Direcção Regional de Cultura do Norte, que o classificou como "interessante" e "adequado" ao sítio. No entanto, os primeiros contactos permitiram antecipar dificuldades para encontrar o financiamento necessário junto da tutela. Igreja e universidade estão, por isso, concentradas na tentativa de sensibilização do Ministério da Cultura para a importância do local onde estão identificados, entre outros achados, os alicerces de uma basílica paleocristã e de um palácio que alguns investigadores acreditam ter sido uma residência dos reis suevos. Outro dos parceiros necessários à recuperação do monte de Santa Marta é a Câmara de Braga, que já demonstrou interesse em associar-se à iniciativa, admitindo vir a apresentar uma candidatura a fundos comunitários que permitam financiar a obra.

Uma vasta área, desde o Hotel da Falperra à Capela de Santa Marta, tem classificação de interesse público desde os anos 50, mas o espólio arqueológico identificado permanece debaixo de terra. A UAUM propõe que se realizem escavações em diversos pontos do monte de Santa Marta. Estes locais devem depois tornar-se visitáveis. No local, a universidade entende que deve ser criado um centro interpretativo que dê a conhecer aos visitantes as várias ocupações que o monte teve ao longo de vários séculos. As escavações realizadas ao longo das últimas décadas permitiram descobrir vestígios de muralhas suevas e de um castro da proto-história. As últimas sondagens feitas no local demonstram, aliás, que a ocupação do monte remonta à Idade do Bronze Final.»

Fonte: Público - Samuel Silva, 17/09/09